segunda-feira, abril 12, 2010

Grigory Perelman está cansado da matemática e dos matemáticos

Um génio matemático acaba de ser contemplado com um prémio de um milhão de dólares por ter resolvido um dos sete problemas mais difíceis da matemática, mas é provável que o recuse. Loucura? Aparentemente não. Pura desilusão com a matemática e os matemáticos. Afinal, não é a primeira vez que Perelman foge dos holofotes da fama a sete pés. Por Ana Gerschenfeld






Quando, há uns dias, um jornalista ligou para o telemóvel de Grigory Perelman a tentar fazer-lhe umas perguntas acerca do prémio que tinha acabado de lhe ser atribuído, o matemático russo de 43 anos respondeu-lhe simplesmente: "Pare de me incomodar, estou a apanhar cogumelos."

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(...)-, Perelman é a imagem escarrapachada do "génio maluco". Barba comprida e cabelo desgrenhado, unhas sem cortar há meses, olhar intenso, magro, mal vestido, de higiene duvidosa - como se tivesse a dada altura esquecido que a vida em sociedade requer algumas concessões básicas do lado da aparência e da indumentária. O que não é surpreendente: há quatro anos que Perelman vive num estado de quase reclusão no apartamento modesto que partilha, num bairro não menos modesto de São Petersburgo, com a sua mãe idosa.

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Aquele instituto elaborou, no ano 2000, a lista dos sete problemas matemáticos mais difíceis de sempre e ainda por resolver na entrada do novo milénio - as "sete maravilhas" da matemática, em suma -, e criou um prémio de um milhão de dólares (748 mil euros) para quem conseguisse resolver cada um deles. E justamente, o primeiro problema a "cair", logo em 2002 - a chamada conjectura de Poincaré (hoje velha de 106 anos) - foi resolvido por Perelman.



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Aquele instituto elaborou, no ano 2000, a lista dos sete problemas matemáticos mais difíceis de sempre e ainda por resolver na entrada do novo milénio - as "sete maravilhas" da matemática, em suma -, e criou um prémio de um milhão de dólares (748 mil euros) para quem conseguisse resolver cada um deles. E justamente, o primeiro problema a "cair", logo em 2002 - a chamada conjectura de Poincaré (hoje velha de 106 anos) - foi resolvido por Perelman.


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"Não são as pessoas que quebram as normas éticas que são vistas como estranhas", explicou Perelman a Sylvia Nasar naquele dia que passou com ela a passear por São Petersburgo. "São as pessoas como eu que ficam isoladas." E a propósito de Yau, acrescentou: "Não posso dizer que estou escandalizado. Há gente pior. Claro que muitos matemáticos são mais ou menos honestos, mas quase todos são conformistas. São mais ou menos honestos, mas toleram os que não o são." Perelman não é o único a pensar que Yau não acrescentou nada à sua demonstração; eminentes matemáticos concordam com ele - e o prémio que agora foi anunciado é disso mais uma prova. Yau, por seu lado, ameaçou processar os autores do artigo daNew Yorker por difamação, mas acabou por não o fazer.


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Fonte: In Publico

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